sábado, 21 de março de 2015

Líderes de rebeliões no RN são transferidos para presídio federal

Dezesseis presos foram da Grande Natal para Mossoró neste sábado (21).
Segundo o MP, eles são os 'cabeças' dos motins que ocorreram no estado. 

 

Dezesseis presos apontados como líderes da onda de rebeliões que atingiu 14 das 33 unidades prisionais potiguares ao longo de oito dias foram transferidos na manhã deste sábado (21) para o Presídio Federal de Mossoró, na região Oeste do estado. A informação foi confirmada pelo juiz da vara de Execuções Penais, Henrique Baltazar. De acordo com o juiz, os dezesseis detentos estavam na penintenciária de Alcaçuz, no presídio Rogério Coutinho Madruga, ambos em Nísia Floresta, na Grande Natal; e no CDP de Nova Cruz.
A onda de rebeliões no sistema penitenciário potiguar começou no dia 11 de março e terminou no dia 18. A crise levou à exoneração do secretário estadual de Justiça e Cidadania, Zaidem Heronildes da Silva Filho, e o governo decretou situação de calamidade no sistema prisional.

Nesta semana pediram exoneração o coordenador de Administração Penitenciária, Leonardo Freire, e o diretor do Presídio Estadual Rogério Coutinho Madruga, Osvaldo Rossato. Os novos nomes foram anunciados nesta sexta (20) pela secretária interina de Justiça e Cidadania, Kalina Leite. O ex-interventor da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) de Minas Gerais, Luiz Danúzio, foi nomeado para a Coape, e o agente penitenciário Ivo Freire dos Santos Rocha será o novo diretor do Presídio Rogério Coutinho Madruga.

Os motins tiveram fim após um acordo entre representantes da Justiça, Ministério Público e Comissão de Direitos Humanos com cinco porta-vozes do movimento responsável pelas rebeliões. A negociação aconteceu na Penitenciária Estadual de Alcaçuz.

Na Zona Norte de Natal, quatro unidades registraram rebeliões: Centro de Detenção Provisória de Potengi, Complexo Prisional João Chaves, Presídio Provisório Professor Raimundo Nonato e Centro de Detenção Provisória da Zona Norte (CDP).
Presos passaram por revista após motim na Penitenciária Agrícola Mário Negócio (Foto: Divulgação/PM-RN) 
Motins também aconteceram em unidades do
interior do estado (Foto: Divulgação/PM-RN)
Também aconteceram revoltas no Centro de Detenção Provisória da Ribeira, na Zona Leste de Natal; na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta; no Presídio Estadual Rogério Coutinho Madruga, também em Nísia Floresta; e na Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP), em Parnamirim.

No interior foram registrados motins na Penitenciária Agrícola Mário Negócio, em Mossoró; na Cadeia Pública de Mossoró; no Centro de Detenção Provisória de São Paulo do Potengi, na região Agreste; na Penitenciária Estadual Desembargador Francisco Pereira da Nóbrega, o Pereirão, em Caicó; na Cadeia Pública de Caraúbas; e na Cadeia Pública de Nova Cruz.

Além de unidades prisionais, a onda de rebeliões atingiu o Centro Educacional (Ceduc) de Caicó, na região Seridó. De acordo com a PM, 25 menores infratores mantiveram quatro educadores reféns na noite desta terça (17). A PM invadiu o local e libertou as vítimas na manhã desta quarta (18).
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Ônibus da linha 39 na cidade de Natal foi incendiado na avenida Hermes da Fonseca na noite de segunda-feira (16) após rebelião em presídios do Rio Grande do Norte. Homens da Força Nacional desembarcaram em Natal nesta terça (17) para ajudar na segurança (Foto: Alex Regis/Tribuna do Norte/Estadão Conteúdo) 
Ônibus da linha 39 na cidade de Natal foi
incendiado na Avenida Hermes da
(Alex Regis/Tribuna do Norte/Estadão Conteúdo)
Ataques a ônibus
Quatro ônibus foram incendiados na noite da segunda-feira (16) na capital potiguar. A Secretaria de Segurança acredita que a ordem para os ataques partiu de dentro dos presídios. De acordo com os policiais militares, criminosos ordenaram que funcionários e passageiros deixassem os veículos e atearam fogo nos ônibus.
A cena se repetiu no bairro Petrópolis, na Zona Leste; no conjunto Vale Dourado, na Zona Norte; no bairro Golandim, em São Gonçalo do Amarante, na região Metropolitana; e em Parnamirim, também na Grande Natal. Durante a noite, um carro da Polícia Militar do Rio Grande do Norte foi incendiado dentro de uma oficina na avenida Amintas Barros, no bairro do Bom Pastor, na Zona Oeste de Natal.
Um carro da PM também foi incendiado dentro de uma oficina na Zona Oeste de Natal.

Os ataques levaram as empresas de ônibus a recolher a frota de veículos mais cedo. Algumas escolas de Natal decidiram suspender as aulas nesta terça-feira (17).

Reforço da Força Nacional chegou na Base Aérea de Natal (Foto: Invanízio Ramos/Assecom) 
Reforço da Força Nacional na Base Aérea de Natal
(Foto: Invanízio Ramos/Assecom)
Força Nacional
A Força Nacional enviou 215 militares para reforçar a segurança após a onda de rebeliões no sistema prisional do Rio Grande do Norte. Os militares começaram a chegar durante a manhã de terça (17), quando 79 homens desembarcaram na Base Aérea de Natal. Durante a tarde, grupos de 51 e 25 policiais chegaram em voos separados. Os outros 60 integrantes da Força Nacional chegaram de Maceió em 25 carros que serão usados no reforço da segurança do Rio Grande do Norte.

A Sesed também recebeu reforço de dois helicópteros para as missões de patrulhamento no Rio Grande do Norte. Somados ao Potiguar 1, as aeronaves da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Força Nacional chegaram a Natal após o decreto de calamidade no sistema prisional do estado.

Em entrevista coletiva concedida na manhã desta quarta, a secretária nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, (Senasp/MJ), Regina Miki, afirmou que não há prazo para a permanência dos homens da Força Nacional no estado e, se houver necessidade, será enviado mais efetivo. "Nós somos mais fortes que o crime organizado", disse.

Reinvidicações
Uma TV e um ventilador em cada uma das celas, roupas e tênis para jogar bola na quadra e material de artesanato foram reivindicados pelos detentos do presídio estadual Rogério Coutinho, em Nísia Floresta, na Grande Natal. Os pedidos dos presos estavam em uma carta obtida com exclusividade pelo G1.
Carta com a reivindicação dos presos foi entregue à Secretaria de Segurança do RN (Foto: G1/RN) 
Carta com a reivindicação dos presos foi entregue
à Secretaria de Segurança do RN (Foto: G1/RN)
Além da carta, detentos gravaram vídeos em que fizeram uma série de exigências, como a saída da diretora da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, Dinorá Simas (veja abaixo).
A Secretaria de Segurança Pública descartou negociações com os detentos. Segundo o Ministério Público, a população carcerária no Rio Grande do Norte é de aproximadamente 7.650 pessoas, mas o Estado tem cerca de 4 mil vagas.

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